Imagine entrar em uma loja de luxo e não se sentir observado, seguido ou invisibilizado. Imagine ser prontamente atendido, encontrar produtos que respeitem sua pele e seu cabelo, e sair dali com uma experiência positiva — e não com mais uma lembrança dolorosa de discriminação. Foi para transformar esse cenário que nasceu o Código de Defesa e Inclusão do Consumidor Negro.
O documento é fruto de uma parceria entre a L’Oréal Luxo, uma das divisões de negócio do Grupo L’Oréal no Brasil, o MOVER (Movimento pela Equidade Racial) e a Black Sisters in Law, e propõe um novo jeito de olhar para os direitos de consumidores negros no varejo — principalmente no setor de beleza e luxo. Lançado durante o Afroluxo, o Código reúne 10 normas propostas que, mesmo sem validade jurídica, têm enorme força ética, simbólica e transformadora.
A iniciativa parte de uma constatação alarmante: a pesquisa “Racismo no Varejo de Beleza de Luxo”, realizada pela L’Oréal em 2024, identificou 21 práticas discriminatórias comuns na jornada de compra de consumidores negros. O Código é uma resposta direta a essa realidade — e uma convocação para o mercado repensar seus próprios protocolos de atendimento e inclusão.
“Não é necessário que essas normas virem lei para que sejam implementadas. Elas estão ao alcance de qualquer empresa que queira agir de forma intencional no combate ao racismo”, afirma Bianca Ferreira, Head de Comunicação e Diversidade, Equidade e Inclusão da L’Oréal Luxo.
Um instrumento de transformação
O Código não apenas denuncia o racismo estrutural, mas apresenta caminhos concretos de mudança, como:
Capacitação antirracista de equipes, com foco em letramento racial e eliminação de vieses inconscientes;
Atendimento equitativo e imediato a consumidores negros, rompendo com a lógica excludente;
Livre circulação em espaços de venda, sem barreiras simbólicas ou físicas;
Regras claras para revistas e abordagens, coibindo discriminação baseada em estereótipos;
Estoque de produtos inclusivos, respeitando as especificidades de pele e cabelo da população negra.
Para além da teoria, essas propostas já vêm sendo colocadas em prática. A L’Oréal Luxo, por exemplo, está capacitando mais de 250 consultoras com novos protocolos auditados pelo Black Mystery Shopper, além de ampliar a presença de criadores de conteúdo negros em suas campanhas e expandir o portfólio de produtos voltados para esse público.
“Este Código é uma ferramenta em legítima defesa de uma população historicamente excluída — e já nasce com o desejo de que, em algum momento, não seja mais necessário”, reforça Bianca.
Olhar jurídico afrocentrado
A colaboração com a Black Sisters in Law trouxe um elemento essencial ao projeto: o olhar jurídico afrocentrado, construído por mulheres negras que vivem, sentem e combatem o racismo todos os dias.
“Foi a chance de dar voz às nossas experiências e revisitar o Código de Defesa do Consumidor com a profundidade que ele precisa. Propomos uma leitura que amplia as garantias já previstas, para que elas de fato incluam a população negra”, explica Dione Assis, fundadora da iniciativa.
O Código é baseado na Constituição de 1988 e na Lei nº 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor), e convida empresas a se autorregularem a partir de valores como justiça, equidade e reparação histórica.
Arte como resistência e esperança
Para dar vida visual ao projeto, o artista Mulambö assinou as ilustrações da obra. Inspirado nos relatos reais de discriminação, ele criou imagens que misturam protesto, afirmação e celebração da negritude.
“Minhas artes são um grito e um convite: que crianças negras, no futuro, não precisem passar pelo que eu passei. Que possam viver plenamente, sem medo ou constrangimento”, afirma o artista.
Distribuição e impacto
Mais de 1.000 exemplares físicos do Código serão enviados para líderes, CEOs, ativistas, entidades do varejo e instituições de ensino. A proposta é que o conteúdo circule, provoque reflexão e gere mudanças reais.
Organizações como o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), a ALLOS (administradora de 56 shoppings) e a ABPS (Associação Brasileira de Perfumarias Seletivas) também apoiam a iniciativa e já estão articulando sua disseminação e implementação em redes parceiras.
“O Código representa o compromisso do MOVER com a equidade racial em todos os setores. Ele propõe uma mudança profunda e necessária: um mercado onde consumidores negros tenham experiências dignas, respeitosas e justas”, afirma Natália Paiva, diretora executiva do MOVER.
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O racismo no varejo pode até ser silencioso, mas nossa resposta não será.
Este Código é mais que uma proposta — é um chamado à ação.#MoverTransforma #CódigoDoConsumidorNegro #EquidadeRacialJá #Afroluxo #RepresentatividadeImporta #AntirracismoÉCompromisso